Tarô Mortal (Killer Fortune Teller, Lifetime) | Crítica
“Tarô Mortal” (Killer Fortune Teller, 2024) surge como um thriller psicológico no canal Lifetime Movies, inspirado em eventos reais. A trama tem tudo para cativar os espectadores com a história de Shane (Jonathan Stoddard), um homem desencantado que recorre a uma leitura de tarô para encontrar sentido na vida. A mística e enigmática Maya (Natalie Daniels) assume o papel de guia e mentora, aparentemente transformando a vida de Shane para melhor. No entanto, quando Shane conhece Natalie (Caina Summer Field), a narrativa toma um rumo sombrio, com revelações sobre o papel manipulador de Maya no destino do protagonista.
O filme do Lifetime acerta em seu tom de suspense e na construção gradual da tensão. O enredo oferece nuances interessantes ao explorar o lado obscuro de um relacionamento aparentemente inofensivo com uma vidente. A trilha sonora e o cenário são pontos positivos, conseguindo manter um clima misterioso e imersivo, elementos fundamentais em thrillers de baixo orçamento como este.
No entanto, alguns aspectos da execução comprometem o potencial do filme. Natalie Daniels, como Maya, enfrenta dificuldades para transmitir a complexidade e ambiguidade necessárias para tornar sua personagem realmente convincente. Sua atuação deixa a desejar, sendo percebida como um ponto fraco que prejudica a imersão do espectador em momentos cruciais da trama. Em cenas onde sua presença é dominante, a falta de profundidade e de nuances dramáticas transforma o suspense em algo quase previsível e sem o impacto desejado.
Além disso, a escolha do diretor por constantes closes na protagonista parece ter sido mal calculada. Ao invés de realçar a tensão e o mistério, os close-ups ressaltam as limitações na atuação, enfatizando uma expressão muitas vezes sem emoção e sem a intensidade que o papel exige. Essa escolha, embora possivelmente pensada para criar intimidade, acaba tornando-se um elemento repetitivo que tira o foco da narrativa e diminui o impacto das cenas.
Ainda assim, a performance de Jonathan Stoddard merece destaque. Ele consegue trazer uma certa vulnerabilidade ao personagem, especialmente na primeira metade do filme, quando a dúvida e a esperança se misturam em sua busca por uma vida melhor. A química entre ele e Caina Summer Field também é agradável, acrescentando uma dimensão emocional à narrativa.
“Tarô Mortal” apresenta uma premissa instigante e alguns momentos de tensão bem orquestrados, mas falha em atingir seu potencial. Fica a impressão de que, com uma direção mais precisa e uma atuação mais forte de sua protagonista, o filme poderia ter sido um thriller memorável.