No Pantanal, Profissão Repórter acompanha as equipes de combate ao fogo
O incêndio que consome o Pantanal já superou a marca de 2020, ano recorde de queimadas na região. Nesta terça-feira, dia 23, o ‘Profissão Repórter’ vai ao Mato Grosso do Sul acompanhar o trabalho dos bombeiros e mostrar como os incêndios afetam diretamente a vida da população e dos animais na região.
Com um aumento de 1.100% no número de focos de incêndio em relação a junho do ano passado, o trabalho dos bombeiros no combate ao fogo começou mais cedo do que o esperado e com ainda mais intensidade. Por enquanto, o fogo se concentra próximo à cidade de Corumbá, no oeste do estado. O repórter André Neves Sampaio e o repórter cinematográfico João Lucas Martins vão até lá e contam que as condições climáticas hostis foram um desafio também para a equipe do programa.
“Passamos horas junto ao corpo de bombeiros durante o combate de um incêndio em uma fazenda. A sensação térmica era de mais de 40 graus, a poeira e a fumaça atrapalharam muito o nosso trabalho, mas acho que conseguimos. No fim do dia estava muito cansado. Agora, imagine os bombeiros, que passam 15, 30 dias seguidos fazendo esse trabalho?”, revela André.
Bombeiros do Mato Grosso do Sul e de Brasília se revezam no combate ao fogo por terra, rios e pelo ar e acampam em bases no meio do mato. Em uma delas, a equipe conhece o cabo Ilso Batista Frank, que fala sobre a saudade de casa. “Nesses momentos bate a saudade da família, mas quando nós escolhemos essa profissão, fizemos um juramento que, se fosse o caso, abriríamos mão da nossa própria vida. Por outro lado, eu também fiz um juramento para minha esposa e meus filhos, de que sempre vou voltar para casa. Então agora é concentração total para conter o incêndio e voltar para casa em segurança”, conta o cabo Ilso.
Os incêndios que se alastram pelo Pantanal e já destruíram quase 600 mil campos de futebol do bioma afetam diretamente a vida da população e dos animais. O repórter Thiago Jock desembarca na cidade de Corumbá e visita comunidades e municípios vizinhos para entender a dimensão do desastre climático na saúde das pessoas e os efeitos para a fauna local.
Em Porto Esperança, primeira parada da reportagem, os moradores contam que a fumaça das queimadas provoca dores de cabeça, falta de ar e problemas respiratórios, prejudicando principalmente pessoas com doenças crônicas, idosos e crianças. “Quando anoitece, começa a baixar a fumaça e fica difícil de respirar”, conta a mãe de uma menina diagnosticada com sinusite aguda. Outra moradora que tem bronquite crônica diz que a péssima qualidade do ar torna o dia a dia dela insuportável.
A comunidade de Porto Esperança e outras da região recebem assistência do programa social Povo das Águas, que reúne uma equipe multidisciplinar responsável por fazer acompanhamento médico em áreas de difícil acesso. O Profissão Repórter registra de perto o trabalho destes profissionais que, para se deslocarem pelas comunidades às margens do rio, dependem de um barco voltado para turismo que está sendo usado pelo poder público.
Os animais que têm o Pantanal como habitat natural também sofrem os impactos do fogo. As equipes de resgate e monitoramento ambiental, com veterinários e biólogos, saem a campo para tentar ajudar as diversas espécies que vivem por lá. Nos cenários devastados pelas chamas é possível encontrar carcaças de cobras, macacos e jacarés que não conseguiram escapar do fogo a tempo. Em 2020, ano em que os incêndios também tomaram conta do Pantanal, 17 milhões de animais morreram queimados. A bióloga e veterinária Paula Helena Santa Rita lembra que, apesar de não termos ainda o número de mortes neste ano, “a população dessas espécies ainda estão sofrendo as consequências do fogo de 2020”.
O repórter Thiago Jock também registra os desafios da equipe no manejo dos animais que sobreviveram ao fogo, mas que ainda não estão em segurança, e resistem em um ambiente inóspito.
O ‘Profissão Repórter’ desta terça-feira, dia 23, vai ao ar logo após ‘Sob Pressão’.