Mokambo: Legado dos povos bantus é contado no documentário
A história, o legado e a participação dos povos de origem Bantu, o maior número de escravizados no Brasil entre os séculos XVI e XVIII, na construção da identidade cultural brasileira são contados em “Mokambo: Força da Tradição Bantu”, que chega ao Curta! nesta semana.
Com direção de Soraya Públio Mesquita, o filme aborda diversas manifestações culturais, apresentando a influência herdada dos povos escravizados em áreas que vão da culinária à musicalidade, da religião ao português falado no Brasil, dos costumes às relações sociais.
“Os bantus, a meu ver, deixaram uma herança fantástica. Mas a herança que fez a manutenção da nossa alma negra, do nosso espírito africano no sentido mais poderoso, é que eles não perderam o que trouxeram de mais importante do continente africano: o sentido da família, o sentido agregador”, exalta Vanda Machado, historiadora e Ebomi do Opô Afonjá.
Inspirado no Terreiro Mokambo, em Salvador, o documentário mescla imagens de arquivo e depoimentos inéditos que demonstram a importância dos costumes dos povos bantus para o país, alternando entre História e atualidade. Dos 54 países que compõem o continente africano, a maior parte está em territórios de cultura bantu, uma diversidade rica que se manifesta no cotidiano nacional até hoje.
“Do ponto de vista do pensamento, do que a gente pode chamar dos povos bantus, há uma contribuição muito importante para nós, muito bonita: é o conceito de ubuntu, que é a ideia da solidariedade que deve haver entre todos os seres humanos, a ideia generosa da partilha, da consideração pelo outro”, explica o antropólogo Ordep Serra.
Como primeiros povos a chegarem ao Brasil, foram também os primeiros que ficaram definitivamente. Em meio às contradições e desigualdades do país, marcaram seu nome também a partir da luta.
“Mokambo é o nome que se davam às casas das chefias dos quilombos. São casas que ficavam no centro dos quilombos e que tinham uma escotilha em que eles subiam e viam tudo ao redor, então quando alguém chegava ou qualquer inimigo, eles se preparavam para não sucumbir”, conta o Sacerdote do Terreiro Mokambo Taata Anselmo Santos Minatojy.
O documentário também traz depoimentos de renomados especialistas como a etnolinguista Yeda Pessoa de Castro; na trilha sonora, Mateus Aleluia e os músicos Tonho Matéria, Rá Nascimento, Jorge Magalhães e o maestro Ubiratan Marques e sua Orquestra Afrosinfônica; além do artista plástico Bel Borba que confecciona uma obra de arte em homenagem à forja do ferro, uma atividade trazida para o Brasil pelos escravizados Bantu.
“Mokambo: Força da Tradição Bantu” é uma produção da DPE. O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial (CurtaOn.com.br). A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 8 de novembro, às 22h.