‘As Bicampeãs’ relembra as conquistas douradas da seleção de vôlei feminino
Elas nunca estiveram sozinhas. Seis mulheres perceberam desde o início que apenas juntas poderiam mudar o rumo da história e ajudaram a transformar a modalidade que praticavam em um símbolo da força feminina. Há três décadas, o sportv é um parceiro fiel desta caminhada que tanto orgulha a todos. Fabi Alvim, Fabiana Claudino, Jaqueline, Paula Pequeno, Sheilla e Thaísa fazem parte de um grupo seleto de atletas que subiram no lugar mais alto do pódio olímpico por duas vezes. Este sexteto foi além no pioneirismo e abriu uma porta para a eternidade do esporte brasileiro. Já em clima de Jogos Olímpicos, que terão a Cerimônia de Abertura acontecendo no próximo dia 26, em Paris, o sportv2 estreia nesta terça-feira, dia 16, a série documental “As Bicampeãs”, a partir de 21h. Em quatro episódios, o material revive essa trajetória marcante das medalhas de ouro da seleção de vôlei feminino, conquistadas de forma consecutiva, nos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012.
A série tem a direção de Eduardo Hunter Moura e relembra a formação da geração mais vitoriosa do vôlei feminino brasileiro. O primeiro episódio mostra que a partir das decepções criou-se a força para chegar ao topo. A derrota para a Rússia na semifinal dos Jogos de Atenas, em 2004, quando a equipe teve cinco chances de vencer o jogo no quarto set e acabou não avançando à final, deixou marcas. Assim como os vice-campeonatos do Mundial – dois anos depois, para as mesmas russas –, e do Pan, no Rio de Janeiro, em 2007, para Cuba, ambas no tie-break. Chegaram a ser taxadas de “amarelonas”, por não conseguirem subir no lugar mais alto do pódio. No segundo episódio, a campanha irretocável em Pequim, quando as meninas perderam apenas um dos 25 sets que disputaram, a ponto de o técnico José Roberto Guimarães, em entrevista à TV Globo, desabafar logo após a conquista em Pequim: “A cor da nossa medalha é amarela, sim. Mas é ouro! Não é de amarelar. É amarelo ouro”.
Para a líbero daquele time, Fabi Alvim, a conquista do ouro em Pequim vai além da medalha. “Nunca foi por ser mulher. Em 2008, quando acaba a Olimpíada, mais do que ganhar a medalha e contemplar todo mundo que pavimentou esse caminho, eu acho que a gente encerra uma discussão de gênero”, ressalta Fabi Alvim, que além de comentar as partidas da modalidade na TV Globo, também apresentará o ‘Ça Va Paris’, diariamente, às 19h, no sportv2, durante os Jogos Olímpicos deste ano.
Se em Pequim a campanha não deixou dúvidas de quem merecia o título, quatro anos depois a história foi bem diferente. O terceiro episódio recorda o ciclo conturbado, com mais um vice-campeonato mundial diante das russas; a campanha instável na Copa do Mundo, na qual a equipe não assegurou uma das vagas olímpicas e precisou disputar o torneio sul-americano para carimbar o passaporte rumo a Londres; e a derrota para a Coreia do Sul, na fase de grupos, que fez a seleção, tida como uma das favoritas, acabar na quarta posição da chave. No último episódio, um jogo espetacular contra a Rússia, nas quartas de final, vencido em um quinto set emocionante, comprovou que a maré havia mudado.
A série documental “As Bicampeãs” é um projeto da Hunter Filmes com coprodução do Sportv. A Volleyball World é produtora associada e a Sport Lab – parceira do sportv em outros projetos – é a consultora esportiva. Vai ao ar entre terça e sexta-feira desta semana, no sportv2, com um episódio inédito por dia – os três primeiros às 21h e o último, às 19h. O mesmo acontece no Globoplay, que disponibiliza os episódios para os assinantes na plataforma entre 16 e 19 de julho.
Abaixo, alguns depoimentos importantes dessas mulheres que protagonizam “As Bicampeãs”:
Fabi Alvim
“Tudo que aconteceu, até as derrotas, até os momentos mais difíceis, eu não trocaria nada, absolutamente nada, por esse sentimento. É porque não tem como explicar. Por mais que você veja vídeos, fotos, é só quando busca na memória que você sente o arrepio”.
Fabiana Claudino
“Ninguém vê o processo que a gente passou para carregar essa tarja de bicampeã olímpica. […] São coisas que você precisa realmente enfrentar, até na vida mesmo, não só um atleta, para realmente chegar aonde você quer”.
Jaqueline
“Quando me perguntam se eu trocaria aquela geração por agora, uma geração que você aparece mais, tem mais exposição, eu falo: ‘Cara, eu não troco a minha geração por nada nesse mundo’”.
Paula Pequeno
“É uma vida de entrega total, porque você abre mão dos seus amigos, da sua vida social e os estudos acabam ficando comprometidos. Eu joguei até o sexto mês de gravidez, coloquei meu casamento de 21 anos à prova muitas vezes, fiquei longe de casa durante toda a fase infantil da minha filha, sofri muitas lesões”.
Sheilla
As pessoas pensam que nós éramos super-heroínas. Não, a gente chorava, a gente sofria. Tinham dias que eu acordava e falava: ‘Nossa, será que eu vou aguentar o treino de hoje? Será que eu vou aguentar pegar muito peso na musculação?’. Todo mundo passa pelas mesmas dificuldades, mas nós aguentamos. Por um objetivo maior, a gente aguentou”.
Thaísa
“Se eu quisesse ter sido mãe mais cedo, porque na época eu queria, esquece. Tem de estar muito claro na sua cabeça que você escolheu isso por algo maior. Então, nós temos de levar isso para frente, as consequências da escolha. O algo maior é ser campeã olímpica, é ser reconhecida, é fazer o meu trabalho bem. Com certeza valeu a pena”.